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Macaúba: a palmeira brasileira com potencial de ganhar o mundo

Macaúba

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Fonte de alimento e de energia, a matéria-prima da biodiversidade nacional pode ser usada tanto para produção de combustíveis avançados quanto por indústrias, como a de biomateriais.

Macaubeira, bocaiúva, macaíba, coco-baboso, coco-de-espinhos e coco-amarelo. Estes são alguns dos nomes pelos quais a macaúba (Acrocomia aculeata) é conhecida no Brasil. Trata-se de uma espécie nativa do país, uma palmeira de médio porte, que costuma ter até 20 metros de altura, e está presente em quase todo território nacional, mas principalmente no bioma Cerrado e em áreas de transição para Mata Atlântica.

Desconhecida da maioria das pessoas, esta palmeira da biodiversidade brasileira é considerada por muitos o produto com potencial de se tornar uma nova commodity global sustentável. A explicação está alicerçada em estudos desenvolvidos há mais de uma década pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e por Felipe Morbi, profissional que desde 2007 está envolvido com a Acrotech, uma empresa de tecnologia agrícola voltada ao melhoramento genético da macaúba para fins comerciais, que recém foi adquirida pela S.Oleum.

As potencialidades da macaúba vieram à tona em 2004, quando foi lançado o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB). Na época, o governo federal criou uma força-tarefa para inserir o biodiesel na matriz energética brasileira. Além disso, investiu em pesquisas para a descoberta de novas matérias-primas. A macaúba se destacou pela produção de óleo.

Para se ter uma ideia, um hectare (ha) de palma africana – que produz o óleo de palma (dendê), o óleo vegetal mais consumido no mundo – rende 3,8 toneladas de óleo/ha. Com a macaúba, a mesma área pode produzir 9 toneladas de óleo/ha, número muito superior à produção de outras oleaginosas, como girassol (0,7 tonelada de óleo/ha) e soja (0,6 tonelada de óleo/ha).

Macaúba: a palmeira brasileira com potencial de ganhar o mundo

O bom rendimento da macaúba está relacionado ao porte da palmeira. “É como se a macaúba fosse um cachorro de médio porte e a palma africana, um boi. Individualmente, a palma é mais produtiva, mas ela tem copa grande, o que não permite plantar muitas unidades por hectare”, diz Felipe Morbi, cofundador e Vice Presidente da S.Oleum, empresa dedicada à produção de matérias-primas sustentáveis com carbono negativo, em larga escala, para a transformação das indústrias de energia, química e de alimentos, por meio da restauração florestal. “Já a macaúba tem um porte médio, que permite um adensamento três vezes maior de plantas por hectare, o que multiplica a produção”, explica.

O fruto, também chamado de macaúba, tem formato globoso, casca rígida e variabilidade de coloração entre o amarelo, laranja e marrom quando maduro. Além da casca externa, o fruto tem outras três partes: polpa, endocarpo, parte rígida que protege a amêndoa, também chamada de coco ou coquinho.

Os óleos da macaúba são provenientes da polpa e da amêndoa. Da primeira se extrai um óleo com o perfil de ácidos graxos similar ao azeite de oliva e um farelo fibroso. Já a segunda resulta em um óleo semelhante ao de coco e um farelo proteico. Há ainda um outro subproduto de significativa importância econômica: a biomassa, composta por restos de cachos da palmeira e folhas e cascas que se desprendem. “Cada hectare de macaúba gera 10 toneladas de biomassa por ano, que pode ser usada para etanol de segunda geração ou biometano”, diz Morbi.

Se lá atrás a macaúba foi descoberta como matéria-prima promissora para a produção de biodiesel, hoje ela é cotada para fins mais nobres, como a produção de combustíveis avançados, de segunda e terceira geração. São combustíveis de base renovável que passam pelo processo de hidrotratamento que dá origem ao que tem sido chamado de petróleo sintético por possuir uma estrutura de moléculas de carbono e hidrogênio semelhante ao petróleo fóssil, mas com o diferencial de ser oriundo de uma fonte verde, que – ao invés de emitir, sequestra gás carbônico no seu processo de produção. A partir desse petróleo sintético, é possível produzir os mesmos derivados do petróleo fóssil: combustível de aviação, gasolina, diesel, etc.

Mas as vantagens da macaúba não param por aí. A palmeira é fonte energética, alimentar e pode ser usada como ingrediente pela indústria de alimentos, de cosméticos, de fármacos, de ração animal, de bioquímicos e de biomateriais. Tal versatilidade tem atraído a atenção de vários setores e explica o porquê de ela estar sendo chamada de possível nova commodity global sustentável.

Além disso, trata-se de uma espécie rústica, que se adapta bem ao Cerrado brasileiro, bioma conhecido pelos longos períodos de seca e baixo volume de chuvas. Não por acaso, esta palmeira é o carro-chefe do Sistema S.Oleum, que tem como foco regenerar territórios por meio do sistemas ILPF (Integração-Lavoura-Pecuária- Floresta), que consorcia a macaúba com culturas agrícolas de interesse econômico da localidade.

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